quinta-feira, 5 de novembro de 2009

GENEALOGIA DE ARABELA SOARES GOMES MUNHOZ VAN ERVEN

(Arabela e sua neta Lourdes Maria van der Broocke, ca. 1940)


-Fonte básica: “Genealogia Paranaense” de Francisco Negrão, vol.1, Impressora Paranaense, Curitiba, 1926 (indicada abaixo por FN).
-Informações complementares levantadas por Domingos van Erven.


-Arabela: filha de Florêncio José Munhoz (1857-1909) e Julieta Soares Gomes (1866-1919)

Quem era Florêncio José Munhoz:
-“Florêncio José Munhoz foi guarda-mor (*) da alfândega de Paranaguá, Alagoas e mais tarde de Santos, onde faleceu” (FN). Ele faleceu em 1909, segundo Herbert M. van Erven, o qual também me informou que Florêncio foi seminarista em Itu. “Casou com Julieta Soares, filha de Manoel Soares Gomes e de sua mulher” (FN, p.252)

(*) Guarda-mor= representante do fisco a bordo dos navios (dic. Aurélio); “título oficial do chefe da alfândega nos portos” (dic. Houaiss)

-Julieta Soares Gomes nasceu em Santa Catarina e era filha de Manuel Soares Gomes e Rita Adelaide Soares Gomes. Segundo dados existentes no Cemitério Municipal S.Francisco de Paula, de Curitiba, Julieta faleceu aos 53 anos em 23/8/1919. Nasceu portanto em 1866. De acordo com a mesma fonte, sua mãe, Rita, faleceu em 7/12/1911, aos 73 anos, donde se deduz que nasceu em 1838. Era também natural de Santa Catarina, e filha de João de Souza Coutinho e Vitalina de Souza Coutinho (fonte: Cartório do 1º Ofício).

-Manoel Soares Gomes nasceu no Porto em 18/8/1829 e faleceu em 22/7/1891. Filho de Bernardo Soares. Casou em segundas núpcias, no Desterro (atual Florianópolis), com Rita Adelaide Soares, em 20/10/1864, com quem teve uma filha e dois filhos (fonte: informações obtidas da inscrição em seu túmulo, no Cemitério Municipal S. Francisco de Paula). Um dos filhos chamava-se Franklin Soares Gomes (1872-1922) (*) que consta nos registros do referido Cemitério. Era natural do Rio de Janeiro e faleceu em 4/2/1922. O outro filho chamava-se Edmundo C. Soares. Dele não há registro nesse Cemitério, apenas de suas filhas Edmundina Soares Dória (1893-1967) e Olga Soares Gomes (1899-1947). Os nomes dos filhos constam do convite para a missa de 7º dia de Rita Adelaide publicado no “Diário da Tarde” de 12/12/1911.

(*) cf. abaixo a cronologia relativa a Franklin Soares Gomes.                    

-Manoel Soares Gomes era destacado comerciante na Curitiba de sua época. Era pai, pelo primeiro casamento, do Coronel Teophilo Soares Gomes (1854-1935), importante industrial, político e dramaturgo (foi deputado, por várias legislaturas, e chegou a ser aclamado em Paranaguá chefe do governo provisório estadual, instituído pela Revolução Federalista, em 1894).

-No jornal “Dezenove de Dezembro” de 30/01/1879, consta anúncio em alemão, dirigido portanto aos interessados em potencial imigrantes dessa etnia, em que se menciona os vendedores de farinha de trigo Amazonas M.& Oliveira e M.Soares Gomes & Cia (fonte: Wilson Martins- “Um Brasil Diferente”. S.Paulo, T. A. Queiroz Editor, 1989, 2a. ed., p. 56). Posteriormente, em outro periódico, consta anúncio da casa de comércio de Manoel Soares Gomes, estabelecimento importador de máquinas agrícolas.

-Manoel Soares Gomes é um dos 10 empresários locais (liderados pelo Barão do Serro Azul) que reivindicam a criação de um banco para a Província do Paraná, projeto proposto por Frederico Perracini, conforme correspondência enviada ao jornal curitibano “Gazeta Paranaense”, publicada na edição de 12 de julho de 1888 (fonte: “Ação empresarial do Barão do Serro Azul”, de Odah Regina Guimarães Costa, Curitiba, Grafipar,1981, p.64). Seu nome consta ali juntamente com os comerciantes Prisciliano Correia, José Hauer, Henrique Peters, Joaquim Queiroz e Antônio Barros. Um ano e alguns meses mais tarde, seu nome também aparece em documento enviado ao Governador Francisco José Cardoso Jr., felicitando-o pelo modo como conduziu o Estado, mantendo o ”princípio de autoridade” e assegurando a “ordem pública”, por ocasião dos acontecimentos políticos que acabavam de ocorrer (instauração da República). Seu nome aparece no topo de um rol de cem comerciantes, que constituem o “corpo comercial desta praça”, logo após José Fernandes Loureiro & Cia. e antes de José Hauer. Segundo Davi Carneiro, que transcreve o citado documento em seu livro “Perfil Histórico da Associação Comercial do Paraná e Galeria dos Presidentes”, Curitiba, 1981, p.52-53, tal movimento “foi a prévia atitude coletiva que daria como resultado a Associação Comercial, criada em julho de 1890”.

Filhos do casamento de Florêncio José Munhoz e Julieta Soares (FN, com complementações):

-Hermínia Munhoz Barros (1883-1966), casada com o capitão do exército Fernando Nogueira de Barros (pais de Yolanda; Mary; Rosina; Mário)
-Evelina Soares Munhoz (1895-1961), casada com Antonio Alves Ribeiro (foi serventuário da Fazenda) (pais de Alfredo)
-Franklin Soares Munhoz (1887-1912), casado com Eliza Reis (pais de Jandyra, Odette)
-Arabella Soares van Erven (17.01.1890-3.12.1982) casada com o Capitão (à época da publicação da “Genealogia Paranaense” Sílvio van Erven (11.08.1887- 2.11.1964) (pais de Herbert, Sílvio, Dante e Beatriz) (FN, p.253). Em 1930, Beatriz classificou-se em 2º lugar no concurso para a escolha de Miss Curitiba (a população curitibana votava então em jovens da sociedade)
-Georgeta Soares (1894-1945), casada com Alfredo Silva (1860-1941) (pais de: Oswaldo, Alir e Nair) (não constou seu nome em FN, mas consta na “Genealogia Paulistana” de Luiz Gonzaga da Silva Leme)

-Coronel Sílvio van Erven: nascido em Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, em 1887 e falecido em Curitiba em 1964. Foi um dos fundadores do Corpo de Bombeiros do Paraná, e seu comandante por três vezes; delegado de polícia em várias localidades do interior do Estado; Chefe de Polícia do Paraná em 1933; Chefe da Casa Militar no governo Manoel Ribas, de 20 de abril de 1934 a 30 de janeiro de 1936; a partir de 1936, publica “Expansão Econômica”, revista mensal da Câmara de Expansão Econômica do Estado (Fontes: “Alma das Ruas”, de Maria Nicolas; Governo do Paraná—“ A Casa Militar e sua Trajetória” e “História do Paraná”-Grafipar, vol.3);

-Herbert Munhoz van Erven, nascido em 1908 e falecido em1985; escritor, autor de várias obras sobre história local (“Datas do Paraná”, “Histórico do Corpo de Bombeiros do Paraná”), biografias ( “Lisímaco”, “Júlia Wanderley”) e estudos literários (“A emoção e o ritmo na arte e no estilo de Jaime Balão Jr.”, “A poesia essencialista de Carmen Carneiro”).

-Florêncio: um dos 10 filhos do primeiro casamento do tenente-coronel Caetano José Munhoz, que casou, em 1840, com Francisca de Assis de Oliveira Munhoz, ou Francisca Cândida de Assis, falecida em Paranaguá em 1861. (FN)

-Francisca era filha do Ajudante de milícia João Gonçalves Franco, natural de Villa Nova de Cóvos de Cerveira, Braga, Portugal, nascido em 1777 e falecido em 1853, e de sua mulher Escholastica Angelica Bernardina, nascida em Lages em 1790, casada em Curitiba em 1807 (FN). João Gonçalves Franco, além de senhor de engenho de erva mate, foi “comerciante, boticário e vacinador” em Curitiba (cf. Cecília M. Westphalen—“Paranaguá- o porto sedutor” e Júlio Moreira—“História da Medicina no Paraná”).

-Pais de João Gonçalves Franco: Tenente Luis Antonio Gonçalves Franco e Ignacia Maria da Cruz, “naturais da Villa Nova de Cóvos de Cerveira”. (FN)
-Pais de Escholastica Angelica Bernardina: Ten-cel Manoel Teixeira de Oliveira Cardoso, “natural do Porto, Portugal”, onde nasceu em 1765, e Anna Maria do Sacramento, “nascida em Lages” em 1768, casada em 1789 e falecida em 1813 “no abarracamento da expedição de Guarapuava”. (FN)

-Filhos do casamento do ten-cel Caetano José Munhoz e Francisca de Assis (FN):

01-Comendador Alfredo Caetano Munhoz (nota 1)
02-Cel. Caetano Alberto Munhoz (nota 2)
03-Augusta Munhoz Negrão
04-Luiza Munhoz
05-Maria Leocádia Munhoz (nota 3)
06-Francisca Munhoz Viana
07-Ten-cel. João Alberto Munhoz (nota 4)
08-Florêncio José Munhoz
09-José Caetano Munhoz (nota 5)
10-Carolina Munhoz

-O ten-cel Caetano casou-se, em 2as núpcias, com Narciza de Paula Xavier, e teve com ela 8 filhos. Alguns destes (FN):

-Olívia Munhoz Werneck, casada com o telegrafista de 1a. classe Elpidio Werneck de Capistrano (tiveram 6 filhos)
-Maria Munhoz Mäder, casada com Jordão Mäder (pais, dentre outros filhos, do eng. Algacyr Mäder, nascido em 1903)

Quem era o ten-cel Caetano José Munhoz (avô de Arabela):
-“Tenente Coronel Caetano José Munhoz, nascido em Paranaguá em 17 de junho de 1817, era homem enérgico e lutador, de caráter firme e princípios severos e inabaláveis. Ainda moço transferiu a sua residência para Curitiba, onde iniciou a sua vida industrial no comércio da exportação de erva mate. Foi um dos primeiros a montar engenho a vapor de soque de erva mate, em Curitiba. Homem honesto e laborioso deu grande incremento à indústria. Suas marcas eram das mais acreditadas e a marca “Caetano” alcançou grande popularidade, e após a sua morte foi vendida por alto preço. Foi abastado capitalista e homem de grande valor moral. Deu sólida educação a seus filhos” (FN, p. 237)

-conforme os registros do Cemitério Municipal S.Francisco de Paula, Caetano José Munhoz faleceu em 26/7/1877;

-segundo Romário Martins ( “Terra e Gente do Paraná” ), Caetano “manteve em Curitiba um dos maiores engenhos de erva-mate”. Sua indústria rivalizava com a de Ildefonso Pereira Correia ( Barão do Serro Azul ), pois também introduziu maquinaria nova, movida a vapor. “Foram deles os dois primeiros motores a vapor introduzidos na província”.

-o livro “130 Anos de Vida Parlamentar Paranaense (1854-1984)”, de Maria Nicolas, inclui o ten-cel Caetano José Munhoz como um dos deputados do início da nossa vida provincial; em sua nota biográfica, a autora faz menção a um incêndio que destruiu a nova maquinaria que ele havia introduzido em seu engenho de erva-mate

-O ten-cel Caetano José Munhoz era filho do Tenente (de milícia) Florêncio José Munhoz e de Luiza Lícia de Lima Munhoz (ela era um dos 11 filhos do Capitão Agostinho da Silva Valle, “em 1785, arrematante do contrato de arrecadação das passagens e cargas dos portos do rio Cubatão e dos rios situados entre entre este rio e o rio S.Francisco”. O Capitão Agostinho da Silva Valle era filho de Balthasar Velloso e Silva, “último filho do Alferes Gaspar Carrasco dos Reis”, que “faleceu a 17 de novembro de 1785, com 88 anos, casado a 20 de abril de 1739 com Antônia de Souza Valle” (...) (FN, p.163) (informação contida no 1º título da “Genealogia Paranaense”: Carrasco dos Reis). O alferes Gaspar era filho de Baltazar Carrasco dos Reis e casado com uma neta de Mateus Martins Leme, conforme o “Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná””, Curitiba, Livraria do Chain/Banestado, 1991, p. 400.

-Irmãos do ten-cel Caetano José Munhoz (FN):
-Maria Lícia Munhoz (que casou com Manoel Martins da Rocha) (obs: estes são os pais do Cel. Bento Munhoz da Rocha, casado com sua prima Maria Leocádia)
-Bento Florêncio Munhoz (que casou com Maria do Céo Taborda Ribas)
-Balbina Lícia Munhoz (que casou com o Major Mathias Taborda Ribas)

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Quem era o ten. Florêncio José Munhoz (bisavô de Arabela):
“O Tenente Florêncio José Munhoz residiu por muitos anos em Paranaguá; era proprietário, no Itinga, de um grande campo de criação de gado, onde possuía mais de oitenta rezes, com muitas vacas de crias; foi adiantado lavrador” (FN, p. 235). Segundo ainda Francisco Negrão, Florêncio era “natural da Cidade de Paranaguá” e seus pais chamavam-se Bento Antônio Munhoz e Michelina de Assumpção, “naturais de Cadiz””.

-Florêncio faleceu em 1856, conforme o jornal “Dezenove de Dezembro” de 10/09/1856. Sua esposa, Luiza Lícia de Lima, faleceu em 1857, segundo o mesmo jornal (v. edição de 15/08/1857)

-Pais de Bento Antônio Munhoz: Bernardo Munhoz e Rosa Maria. (FN)

-Pais de Michelina de Assumpção: Manuel Ignácio do Valle e Lourença Maria. (FN)

-Florêncio José Munhoz era irmão de Francisca Munhoz de Siqueira (que casou com o Tenente Bento José de Siqueira), de Balbina Maria de Assumpção (que casou com o Capitão Antônio José de Carvalho), de Maria Munhoz (que casou com Manoel de Oliveira Cercal) e (na dúvida) de Bernardo Antônio Munhoz (falecido em Paranaguá, em 1809) (FN)

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-Sobre a origem da família Munhoz, Francisco Negrão cita textualmente Alcides Munhoz (in “Folhas Cadentes”- Elogio do Patrono Alfredo Munhoz – Academia de Letras do Paraná):

“A família Munhoz no Sul do Brasil e nas repúblicas platinas provém de um único tronco de origem que teve o seu início em Tarancon, província espanhola de Cuenca.
O seu primeiro representante foi um empregado régio de impostos, no século XVI. Um dos seus descendentes veio para a América pelo meado do século XVIII. Viera, como militar, para as possessões espanholas do sul, para a Banda Oriental, provavelmente, em serviço da coroa”. (p. 236)

- O “Dicionário das Famílias Brasileiras” de Carlos Eduardo de Almeida Barata e Antônio Henrique da Cunha Bueno (vol.II, p. 1578) afirma o seguinte sobre a família Munhoz: “Sobrenome de formação patronímica – o filho de Munho ou Munhon. Da baixa latinidade Munionici. Em espanhol Muñoz /.../ Esta família começa com D.Munhon Rodrigues, pai do conde D.Rodrigo Munhoz e deste procedeu D.Diogo Munhoz, rico-homem e mordomo-mor de D.Afonso VII, fal. em 1157, rei de Castela e de Leão /.../ Brasil- No Rio de Janeiro, entre as mais antigas, a de Cristóvão Munhós de Alfaio, que deixou geração do seu cas., c. 1608, com Ana da Reina Correia (Rheingantz, II, 640). Rheingantz registra mais 5 famílias com este sobrenome, nos sécs. XVI e XVII, que deixaram numerosa descendência no Rio de Janeiro. Em São Paulo, entre as mais antigas, a de Fernão Munhoz, doc. em 1591 /.../ Ainda, em São Paulo, de origem espanhola, registra-se a família de José Munhôz (1847, Málaga, Espanha—1911, Ribeirão Preto, SP), que chegou ao Brasil, em 1891 /.../ Linha indígena- Sobrenome tambérm adotado por famílias de origem indígena. No Rio de Janeiro, entre outros, os descendentes de Francisco Munhoz, que deixou geração, por volta de 1635, com Grimaneza, “índia, sua escrava”, por onde corre o sobrenome (Rheingantz, I, 518).” (Cf. Carlos Grandmasson Rheingantz—“Primeiras famílias do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII)- 3 vols.)

NOTAS
Nota 1:Quem era o Comendador Alfredo Caetano Munhoz (tio de Arabela):
Nascido em 1845 e falecido em 1921. Culto, conhecia várias línguas (segundo F. Negrão: “Escrevia o francês correntemente; traduzia o inglês, o alemão, o latim, o italiano; manejava admiravelmente o espanhol e não lhe eram estranhos o grego, o hebraico e o sânscrito” -p. 238). Redigiu revistas (“Colméia”, “Íris Paranaense” ) e jornais. Redigiu por 14 anos a revista espírita “A Luz”, órgão do Centro Espírita de Curitiba. Cientistas como Aksakoff, “conselheiro privado do Czar Alexandre III da Rússia”, Max Hecran, Zöllner, William Crookes, Lombroso, Ernesto Volpi, William Steward e outros “traduziam os seus artigos e apresentavam-nos como verdadeiros ensinamentos”. Era funcionário público, aposentando-se como Inspetor Efetivo da Tesouraria de Fazenda do Paraná em 1891. (FN).
-Patrono da Cadeira nº 11 da Academia Paranaense de Letras. Casou duas vezes.
-Do primeiro casamento, teve vários filhos, dentre os quais (FN):

-Francisca Munhoz Cavalcanti, (apelido: Dona Sinhaca; prima-irmã de Arabela)- “senhora possuidora de esmerada educação artística; pintora e pianista” (FN); casada com Carlos Cavalcanti de Albuquerque, que foi Presidente do Estado

-Raul Munhoz (major, na época da publicação da “Genealogia Paranaense”-1926; reformou-se como general. Conforme “Alma das Ruas”, vol.4, de Maria Nicolas, ele nasceu em Curitiba em 1875 e faleceu em Sorocaba-SP em 1940. Cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro. Foi comandante dos Bombeiros do Paraná e deputado federal, abandonando a política em 1933). Casado com Haydée Pereira Munhoz. Uma das filhas deles: Myriam (Raul Munhoz: primo-irmão de Arabela)

-Caetano José Munhoz, capitão do exército nacional, falecido na Campanha do Contestado (primo-irmão de Arabela)- segundo registros do Cemitério Municipal S.Francisco de Paula, faleceu em 12/2/1915, aos 33 anos

Nota 2:Quem era o Cel. Caetano Alberto Munhoz (tio de Arabela):
Nascido em 1847 e falecido em 1908. Era homem culto como o irmão Alfredo. Seguiu carreira burocrática. Aposentado em 1892 como Inspetor da Tesouraria da Fazenda de S. Paulo. Foi sub-diretor da empresa “Docas de Santos”. Secretário do Interior e Justiça do Governo do Paraná por um quatriênio. Faleceu no exercício do cargo de Delegado Fiscal do Tesouro Nacional em Curitiba. Publicou diversos trabalhos sobre assuntos profissionais. Casou duas vezes. Do primeiro casamento, teve, dentre outros filhos, o Cel. Alcides Munhoz (FN)

Cel. Alcides Munhoz (primo-irmão de Arabela):
-Nascido em 1873, falecido em 1930. Foi seminarista em S.Paulo. Seu livro de estréia é a crítica de um católico aos versos heréticos de Euclides Bandeira. Polemizou com Sílvio Romero, criticando a “teutofobia” deste. Escreveu, em francês, “Le Paraná pour l’Étranger, em 1907, além de outros trabalhos. Dramaturgo (fonte: “Academia Paranaense de Letras- 1936-1995-Biobibliografia”)
-Ainda vivo na época do lançamento da “Genealogia”,1926. Nesse ano, era Diretor Geral da Secretaria de Finanças, Comércio e Indústria e presidente da Academia de Letras do Paraná. Casou com Ifigênia de Macedo, mãe, dentre outros filhos, de Laertes Munhoz (1900-1967), jurista (com várias obras publicadas) e político (foi deputado estadual pela UDN, presidente da Assembléia Legislativa e Secretário do Interior e Justiça)

Nota 3:Maria Leocádia Munhoz (apelido: tia Maricota; tia de Arabela):
-Casou duas vezes, na primeira, com o seu primo Cel. Bento Munhoz da Rocha, “importante industrial já falecido”; na segunda vez, com o Cel. Manoel Bonifácio Carneiro, “falecido” (FN)
-Um dos filhos de seu primeiro casamento foi Caetano Munhoz da Rocha (primo-irmão de Arabela), nascido em Antonina em 1879, faleceu em Curitiba em 1944. Médico, formado em 1902 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Fundou, com o irmão Ildefonso a firma comercial “Munhoz da Rocha & Irmão”. Fez carreira política: deputado estadual por várias legislaturas, prefeito de Paranaguá, Vice-Presidente do Estado, Secretário da Fazenda, Presidente
do Estado em 1920-24 e 1924-28 (reeleito). Casou três vezes. Um de seus filhos, do primeiro casamento, foi Bento Munhoz da Rocha Neto (1905-1973): fez o curso secundário no Ginásio Diocesano dos padres lazaristas, em Curitiba, e formou-se em Engenharia. Além de político (Governador do Estado, Ministro da Agricultura, deputado federal), foi ensaísta, autor de vários livros (fonte: Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná, Curitiba, 1991).

Nota 4:Ten-cel João Alberto Munhoz (tio de Arabela):
Diretor da Secretaria do Interior. Um de seus filhos foi Alfredo Alberto Munhoz (primo-irmão de Arabela), telegrafista do Estado, casado com Hermínia Lopes Munhoz (neta de Cândido Martins Lopes, que trouxe sua tipografia do Rio para cá “em lombo de burros” e editou o nosso primeiro jornal, o “Dezenove de Dezembro”). Alfredo e Hermínia: pais de Oscar Lopes Munhoz, dentre outros filhos) (FN). Oscar foi deputado estadual por várias legislaturas;

-irmã de Hermínia Lopes Munhoz, Gertrudes, casou com o Capitão Caetano José Munhoz, que faleceu na Campanha do Contestado (FN)

-a filha do ten-cel João Alberto Munhoz, Carmen Munhoz, casou-se com Joaquim Góes de Melo, ferroviário, pais do desembargador José Munhoz de Melo (fonte: H.M.v.E.)

Nota 5:José Caetano Munhoz (tio de Arabela):
Foi importante negociante em Santos, já falecido em 1926 (data de publicação do vol.1 da “Genealogia Paranaense”)
Segundo Alcides Munhoz (in “Folhas Cadentes”, p. 101), seguiu “a carreira do comércio, após haver saído da Escola Militar do Rio de Janeiro” e foi “ a convite do Conde de Pinhal Presidente do Banco de São Paulo”.

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FRANKLIN SOARES GOMES (tio de Arabela)

Cronologia

1872- nasce no Rio de Janeiro, filho de Manoel Soares Gomes e Rita Adelaide Coutinho, que tiveram também dois outros filhos: Julieta e Edmundo

1898-
-no “Almanach do Paraná para 1899” (redator: Romário Martins- Curitiba, Edição da Livraria Econômica) consta, no “Indicador Comercial”, Franklin Soares, estabelecida na praça Tiradentes, como uma das cinco casas de comércio citadas do ramo “Louças e ferragens”- outras firmas citadas: A. v. Meien & Comp.; Carlos Meisner; Henrique Withers;  Schmidlin, Thon & Comp.

-no mesmo Almanach consta anúncio de máquinas de costura “Singer” à venda em Franklin Soares (endereço: praça Tiradentes, 21)- “O maior depósito de máquinas de costura no Paraná”. “Grande depósito das legítimas e afamadas máquinas Singer.” (The Singer Manufacturing & Co.- New York) . Consta ainda em outra página, também com gravura, anúncio de bicicleta Singer (road racer)-Model B.- Franklin Soares- Casa Importadora- (anúncios semelhantes aparecem no “Almanach Paranaense para 1900)

-mais adiante, no  “Almanach do Paraná para 1899”, há um outro anúncio da Casa Importadora- Franklin Soares, que mostra a foto de um prédio (com sete portas no térreo e sete janelas no andar superior), supostamente a sede do estabelecimento; consta o endereço: praça Tiradentes, 21; afirma-se nesse anúncio que Franklin Soares é sucessor de Viúva Soares & Filhos e M.Soares Gomes; afirma-se também: “Completo sortimento de ferragens, metais, louças, cristais, vidros. Mobília, espelhos, tapetes, fantasias e novidades. Maquinismo, arados, carros de mão, cimento, bombas e encanamentos.” (anúncio semelhante, com foto do imóvel, aparece no “Almanach Paranaense para 1900).  Em outro anúncio, ainda no “Almanach do Paraná para 1899”, obtém-se informação adicional sobre a mesma casa de comércio: “Aceita-se encomendas para qualquer parte da Europa e América”   

1903-
-no “Almanach do Paraná para 1904 (sétimo ano- redator: Romário Martins), Franklin Soares, estabelecido na praça Tiradentes, é citado  no ramo de fotos (“fotografias“), junto com Adolpho Wolk, Max Kopf, José Weiss & Irmão

1907-
-no “Almanach do Paraná para 1908 (redator: Corrêa Netto) consta, dentre outras firmas no ramo de fotografias, Franklin S. Gomes, estabelecido na rua 15 de Novembro; nesse mesmo Almanach, em outra página, consta anúncio de Franklin Soares (endereço: Rua Quinze de Novembro, 22-24), nestes termos:

1) primeira metade da página: Fotografia. “Grande sortimento de artigos fotográficos, lanternas de ampliação, aparelhos de viagem e de luxo, para profissionais e amadores. Chapas Agfa. Recebe-se todos os meses papel Celloidin, Matt e brilhante emulsão recente. Cartões postais sensíveis celloidin e bromuro. Produtos químicos garantidos. Receitas e explicações grátis.”

2) segunda metade da página: Filatelia!. “Selos para coleções em folhas a escolher. Compra-se selos nacionais. Completo sortimento de Álbuns para selos desde 1$500 até 180$000”

1912-
-no “Almanach do Paraná para 1912 Franklin Soares não aparece no Indicador Comercial mas no “Almanach” para 1913 tal firma consta no Indicador Comercial, no ramo de “Cigarros e Charutos”.  Endereço: rua Riachuelo.

-segundo meu pai, Herbert Munhoz van Erven, “tio Frankllin” vendeu todo o seu equipamento fotográfico para Francisco Serrador

-Franklin Soares Gomes é citado no “Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro (1833-1910)” de Boris Kossoy. Instituto Moreira Salles, 2002.  A Casa da Memória, em Curitiba, possui algumas fotografias tiradas por ele.

...- Franklin casou-se com Helena Monteiro. O casal teve os seguintes filhos:  Franklin Júnior, leiloeiro oficial, avaliador de imóveis, jóias, comerciante de antiguidades, selos, moedas, livros novos e usados etc (seus anúncios são freqüentes nas publicações que Sílvio editará); Omilio Monteiro Soares, agrônomo, chefe local do setor de Defesa Agrícola do Ministério da Agricultura em 1943 e as filhas Lucília, Ezilá e Evelina (esta última cheguei a conhecer, já idosa, pois ela visitava regularmente minha avó Arabela).

       O irmão de Franklin, Edmundo Soares Gomes, era pai de Edmundina e Olga. Quanto a Edmundina Soares Dória (1893-1967) era ela quem era visitada regularmente por Arabela. A outra filha, Olga Soares Gomes (1899-1947), foi para o hospital de Jaguariaíva em 1930 como enfermeira voluntária, integrando uma equipe médica, a fim de prestar atendimento aos feridos nos combates de Quatiguá e Morungava, conforme consta no livro “Cinqüentenário da Revolução de Trinta no Paraná”- 2ª. ed. rev. e ampl.- Curitiba: Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, 1980 – p. 65 e 198.  Quando ela morreu, em 1947, aos 48 anos (sem chegar à fase da velhice, “o inverno da vida”), Herbert compôs, a pedido da sua prima Jandira, esta bela quadra-acróstico, que hoje está gravada junto ao seu túmulo (o da família Soares Gomes) no Cemitério Municipal S.Francisco de Paula: “O inverno não alcançaste./ Livre estás em pleno outono./ Guarda, agora que acordaste,/ A lembrança de teu sono.”


1922- falece em Curitiba Franklin Soares Gomes